TRACTION AVANT O “INCAPOTÁVEL”

“Incapotável” não é uma palavra que faça parte do nosso vocabulário, mas do fabricante do Action Avant, a Citroën, que fabricou o primeiro modelo, com uma estabilidade “comparável aos modelos atuais”, como comenta Jason Vogel, um jornalista que rodou o mundo andando em tudo quanto é carro por aí. Para vocês saberem, ele andou até em um modelo jipinho (que a Citroën fabricou, na França entre 1968 e l988, e na Argentina, entre 1971 e 1980, mas nunca veio para o Brasil). Ele aparece em cenas do filme “O Gendarme e os extraterrestres”, com Louis de Funès, de 1979.

Ele lembra, por exemplo, que um ano após seu lançamento na França, o carro chegou ao Brasil, no Rio de Janeiro e, mais especificamente, na rua Bambina, 37 (hoje sede da Guarda Municipal carioca) e também na General Polidoro.

E por que o Action Avant enfrentava bem as dificuldades de uma “boa” curva, diferente da maioria dos modelos daqueles tempos de 1930 (ele foi fabricado, na França, de entre 1934 e 1957)? Porque ele tinha seu centro de gravidade muito baixo, além de um entre eixos com 2,91 m, largura de 1,62 m, e 4,45 m de comprimento.

Capotou, ganha outro

Desde sua chegada ao Brasil, na rua Bambina (mas a Citroën tinha revendas até no Amazonas) o Traction Avant ganhou a fama de carro “encapotável”, que Jason Vogel e o engenheiro Waldemar Colucci (que atuava na Engenharia de Projetos e Carrocerias da GM e deu aulas na FEI de Carroceria e Suspensão) creditam ao seu baixo centro de gravidade e dimensões.

Com isso, seu conhecido humor, os cariocas inventaram um concurso: ganharia da Citroën um carro novo, quem conseguisse fazê-lo capotar.

– Eu conheci dois engenheiros franceses – conta Colucci – um deles que trabalhou na Citroën e ambos desmentiram esta promoção da fábrica. Isso era coisa que se espalhou pelo Brasil, mas não era verdade.

– Isso era coisa da criatividade brasileira – ressalta Jason – que pesquisou sobre o assunto mas nunca encontrou nada que comprovasse essa promoção.

Enfim, o Traction Avant era “incapotável”, mas o pessoal da Citroën não era “louco”.

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