Verdades e mitos sobre as gasolinas no Brasil

Acreditar em mitos pode custar mais caro e até induzir o consumidor a abastecer seu veículo com um combustível batizado. São importantes a responsabilidade e compromisso de quem produz, do distribuidor e do varejista

Todas as gasolinas produzidas no Brasil e no mundo são formuladas, pois resultam de misturas de hidrocarbonetos, conforme define a Agência Nacional do Petróleo, Gás Natural e Biocombustíveis (ANP). No Brasil, porém, criaram-se mitos de que as gasolinas fabricadas diretamente nas refinarias de petróleo e as produzidas em formuladoras e centrais petroquímicas são diferentes. “Essas falsas informações e comparações prejudicam o mercado e confundem o consumidor, induzindo-o, muitas vezes, a gastar mais para encher o tanque de seu veículo”, alerta Rosângela Gomes, Responsável Química da Copape.

A especialista preparou um compêndio dos mitos e verdades sobre gasolinas para que o consumidor não se deixe enganar e tenha tranquilidade quanto à qualidade do combustível na hora de procurar postos de abastecimento que melhor atendem às suas necessidades. “No varejo, o importante é procurar seriedade, ética e melhor preço”, afirma Rosângela.

Mitos & Verdades

MITO – Gasolina formulada é composta de resíduos de destilação petroquímicos, adicionando solventes com qualidade inferior.

VERDADE – Formulada é composta pela mistura mecânica de correntes de hidrocarbonetos líquidos, obtida via processos químicos complexos, tal como craqueamento catalítico ou reforma. A qualidade dos compostos é a mesma.

MITO – Formulada possui substâncias nocivas ao motor.

VERDADE – Não, para que qualquer gasolina seja comercializada em território nacional, deve atender integralmente à Resolução ANP 807/2020, que compreende todas as características físico-químicas a serem observadas pelo combustível.

MITO – Formulada possui solventes leves que deterioram borracha e plástico, como das mangueiras.

VERDADE – Tanto a gasolina formulada como a refinada atendem a todos os requisitos exigidos pela ANP. Essas deteriorações podem ocorrer devido a adulterações de combustíveis com adição de solvente e não por ser uma gasolina formulada.

MITO – Formulada é ruim e refinada é boa.

VERDADE – Não procede afirmar que gasolina produzida por formuladores é de qualidade pior em comparação à oriunda de refinaria. Para que a mistura de correntes de hidrocarbonetos (naftas) resulte no padrão de gasolina determinado pela ANP, é necessário recorrer à formulação. Na prática, toda gasolina destinada ao consumidor final, no Brasil e outros países, é formulada, seja por refinaria ou formuladora.

MITO – A diferença entre as gasolinas está na combustão. A formulada tem uma queima mais rápida e isso diminui a média de desempenho do carro.

VERDADE – A combustão está diretamente ligada à resistência da gasolina à detonação (octanagem), MON, que avalia a resistência da gasolina à detonação / combustão da ignição do carro, e RON, resistência do combustível quando o motor está carregado e em baixa rotação. Não é correto afirmar que a formulada tem queima mais rápida e diminui o desempenho do carro, pois tanto a refinada como a formulada devem atender às especificações ANP. Existem somente duas classificações de gasolina automotiva comercializadas no Brasil: Gasolina Comum e Gasolina Premium. Ambas devem respeitar as exigências da ANP.

MITO – Formulada provoca entupimento nos bicos injetores dos carros

VERDADE – A gasolina formulada atende plenamente aos requisitos da especificação técnica contida na Resolução ANP 807/2020. E não há nenhuma evidência ou estudo que mostre que a formulada, provoca entupimento nos bicos injetores dos carros. Afinal, conforme mencionado anteriormente, toda a gasolina é formulada. A degradação de qualquer gasolina com o decorrer do tempo é um fenômeno natural causado pela sua oxidação. Gasolinas automotivas podem oxidar durante estocagens prolongadas, formando gomas (resíduos não voláteis), que se depositam nas superfícies de carburadores e bicos injetores. Para controle desse tipo de depósito, há uma especificação mínima e máxima estipulada pela ANP. Conforme comentado anteriormente, os formuladores seguem esse regulamento, atendendo a todos os quesitos referente à gasolina.

MITO – Formulada leva mais de 200 componentes em sua fabricação.

VERDADE – As proporções são relativas, dependendo das naftas e processos de produção utilizados. São constituídas de misturas criteriosamente balanceadas de hidrocarbonetos (naftas), visando atender aos requisitos de desempenho do motor. Uma gasolina pode ser constituída pela mistura de dois, três ou mais hidrocarbonetos (naftas).

MITO – Formulada, por ter menos densidade, rende de 10% a 15% menos do que a gasolina comum

VERDADE – A formulada não tem menos densidade. A determinação de densidade é estipulada pela ANP, com especificação mínima de 715,0 kg/m3. Os formuladores têm o dever de atender a essa especificação. Com a nova resolução da ANP em vigor desde o dia 3 de agosto de 2020, as mudanças referentes à especificação da gasolina em densidade mínima de 715,0 kg/m3, é esperado um rendimento cerca de 5% maior por litro de combustível, conforme estudos realizados pela própria agência.

MITO – Formulada é mais fácil de ser adulterada.

VERDADE – Qualquer gasolina pode ser adulterada, tanto formulada como refinada. Tudo depende da idoneidade de quem distribui e de quem vende ao consumidor final.

MITO – Formulada deve ser vendida por preços inferiores.

VERDADE – Inicialmente, cabe reiterar que toda gasolina produzida no Brasil e no mundo, destinada ao consumidor final, é formulada. Tanto a que teve origem em refinaria quanto a produzida em central petroquímica ou formulador devem atender às especificações estabelecidas pela ANP quando de sua comercialização no posto revendedor. Portanto, não é correto afirmar que se deve vendê-la por preço inferior.

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