“Atingida pela crise econômica, a indústria automobilística busca alternativas para se reerguer. Depois de amargar quedas superiores a 40% desde 2013, o setor finalmente enxerga retomada a partir do segundo semestre de 2017.
Essa melhora deverá ser modesta, mas diante do que aconteceu nos últimos anos não deixa de ser um alento. Deveremos ter, no próximo ano, um desempenho semelhante ao de 2016, mas com uma diferença importante: desta vez pode-se contar com o aprendizado que a crise proporcionou.
Entre essas lições, ganha destaque a proximidade entre as montadoras e seus fornecedores para criarem alternativas e soluções para melhorar o cenário. Disciplina, comunicação aberta e transparente, informações corretas e trabalhar em conjunto começam a ganhar força e ajudam a pavimentar o caminho rumo à retomada.
Observamos melhoras também em áreas como o setor financeiro. Bancos mostram-se cada vez mais empenhados em conhecer mais intimamente a indústria automotiva e atendê-la de maneira mais próxima. O governo federal emite sinais positivos, a partir do maior entendimento e das maneiras com que pode apoiá-la com eficiência.
O cenário mostra que o pior já passou. Mas ainda há um longo caminho pela frente. Basta lembrar que em 2016 a produção de veículos não vai ultrapassar 2 milhões de unidades, o pior resultado desde 1987. Para veículos pesados, a previsão é de 80 mil unidades, o nível mais baixo desde 1999. O tsunami causado pela atual crise vai afetar a indústria automotiva por mais uma década, pelo menos, para que voltemos a produzir 4 milhões de unidades de veículos leves.
Para chegar a esse nível, é fundamental manter a cautela, conservadorismo nas projeções, agressividade nas vendas, redução nos custos, melhoria de processo e maior produtividade. Com esses pontos devem inclusos no planejamento é possível que essas empresas possam se recuperar, uma vez que o remédio amargo já foi tomado, agora é hora de cuidar da recuperação, reerguendo-se mais forte e mantendo sempre atenção às cicatrizes para que não haja uma recaída.”
Autor: Jackson Bastos, diretor da Siegen