O Abarth x Abarth genérico
No mês passado eu entrei na Fazenda Capuava (Indaiatuba/SP), que abriga uma bela pista para se acelerar, a bordo de um Fiat Fastback com motorização “by”, Abarth que, a exemplo dos medicamentos, poderia ser chamado de “genérico”, aquele cujo princípio ativo, ou seja, a substância ativa que produz os os mesmos efeitos terapêuticos. Ou seja, o motor, o princípio ativo (e como é ativo, principalmente quando acionado o modo Esporte), está ali, sob o capô. E foi por isso que senti um prazer muito grande ao dirigi-lo, subindo pela rodovia dos Imigrantes e, depois, na dos Bandeirantes.
Mas, ao sentar no Fastback Abarth e acelerar eu vi que a diferença entre o genérico e aquele que tem a marca, no caso Abarth, é surpreendente. Ele ganha em aceleração, (tem 185 cv, contra 180 do “genérico”) em frenagem e também no som da esportividade. Parecia que eu estava em outro carro, com o mesmo nome. E estava, apesar de ter adorado andar no Powered by Abarth.
Depois de dar umas três voltas na pista da Capuava (fazenda no município de Indaiatuba, da família Diniz), andando no meu ritmo de “cidadão comportado”, que não toma multas há nem sabe quantos anos, me coloquei no banco de passageiros dos meus amigos Gerson Borini e Antônio Fraga.
Não posso dizer que me arrependi. Ou melhor, posso sim. Lá, me agarrando ao “pqp” (quem lembra do que se trata isso?), eu me arrependi. Mas, depois, ao sair numa boa, achei uma delícia. E agradeci ao Gerson.
E, para provar que gostara mesmo, fui andar com o Fraga. Tudo a mesma coisa. Mãos no “pqp” e vendo os dois frearem, exatamente iguais, muito depois do que eu considerava razoável. Bem depois, acho que uns 50 metros (exagero!) depois do que eu pisaria no pedal esquerdo, e atropelando todas as zebras da Capuava.
Como ao final com Gerson, agradeci ao Fraga pelas deliciosas voltas que me fizeram lembrar quando andei com Ayrton Senna, Emerson Fittipaldi e meu ídolo Nelson Piquet. Nos três casos, também me segurando no “pqp” e vendo, com um certo pavor, as curvas se aproximando rapidamente.
Ao final, voltei para o Fastback Powered by Abarth, andando nos limites das estradas e fazendo as curvas com o meu jeito, mas pensando em como o Gerson e o Fraga as fariam, se as placas dos limites de velocidade não existissem. Em determinado momento, diante do pouco movimento, baixei a velocidade para 60 km/h (que é o mínimo permitido para andar em uma estrada, como a Imigrantes, que liga São Paulo a Santos, cuja máxima é 120 km/k), apertei o botão de Esporte e “carquei” o pé direito no acelerador. Em poucos segundos, cheguei aos 120 km (confesso, aos 125) e me senti um “GerFra” (misto de Gerson e Fraga). Mas voltei aos 100 km que, penso eu, é uma boa velocidade para trafegar por uma estrada com grande movimento e com o piloto automático acionado..
Obs: pen que nunca andei com meu ídolo maior, Bird Clemente, que nos deixou recentemente, sem conseguir realizar seu sonho de contar a história do automobilismo esportivo do Brasil.
Para terminar, cheguei à conclusão que o Fastback Abarth é irmão gêmeo do Fastback Powered by Abarth. E, como gêmeos que não sejam monozigóticos ou idênticos, têm lá as suas diferenças, os Fastback da Fiat têm lá as suas, né?
Texto: Chico Lelis