Revendas não especializadas podem colocar em risco a segurança do veículo e a vida dos ocupantes
O cuidado na hora de escolher uma revenda para fazer a revisão ou manutenção do carro pode definir se o motorista vai seguir em segurança ou se estará arriscando a própria vida e dos seus passageiros sempre que sair com o carro. Mas algumas atitudes simples podem evitar que isso aconteça.
Longe de ser uma definição que deve ser baseada somente em preço, o proprietário de automóvel deve ficar atento a diversos fatores tão importantes quanto o custo para adquirir peças, pneus e realizar diversos serviços para o seu carro.
É fundamental que o consumidor saiba separar o joio do trigo, diferenciar os especialistas dos não especialistas e entender os riscos envolvidos. Os varejos automotivos devem ser vistos como especialistas, uma vez que possuem equipes treinadas e capacitadas que têm conhecimento para avaliar a real necessidade de troca, equipamentos adequados de medição e conserto, peças originais e com procedência comprovada, garantia da peça e do serviço e geralmente possuem parceria com grandes fábricas de autopeças.
Já os não especialistas, como supermercados, lojas de departamento e Ecommerces e oficinas desconhecidas geralmente não atendem a nenhum desses quesitos e buscam somente a venda, sem critérios e orientações adequadas ao consumidor. Alguns até possuem sites e fachadas bem cuidadas, mas o mesmo não se pode dizer sobre o atendimento, os serviços e os produtos. Ao não realizar treinamentos e capacitação de seus funcionários adequadamente e na frequência recomendada, além de não possuir equipamentos modernos que fazem as medições necessárias, permitem que o cliente compre produtos fora da especificação ou mesmo indicam peças que não são as recomendadas para aquele determinado modelo de veículo, o que pode trazer ainda mais problema ao carro e agravar a situação em que se encontra. Para piorar, há diversos varejos não especializados que usam produtos remanufaturados inadequadamente – já que há aqueles feitos de forma correta, eficiente e segura – que só são pintados e tentam deixar com aparência de novo, o que mantém a falta de qualidade e a consequente ineficiência da peça.
“Esse tipo de situação engana o consumidor e o expõe a situações de risco de morte. Peças automotivas originais e novas oferecem toda segurança ao motorista, mas se forem inadequadas, piratas ou remanufaturadas de forma imprópria podem ir justamente na contramão disso e trazer ainda mais problemas de segurança para quem busca justamente resolver esse ponto”, diz Dirceu Delamuta, presidente da Abrapneus.
Além de serem atitudes que enganam e lesam o consumidor, que muitas vezes é vítima de trocas desnecessárias e paga por produtos inadequados e sem qualidade, esse tipo de comportamento tem impacto direto na segurança do veículo, expondo a riscos seríssimos o motorista e seus passageiros, colocando a vida de todos em perigo. O Ministério Público está de olho nesse tipo de falcatrua para que esse tipo de situação seja cada vez mais difícil de se encontrar. Para se ter uma ideia, somente duas redes não especializadas são responsáveis por mais de 400 denúncias no MP, indicando que essa prática é muito mais comum do que se imagina.
É preciso que o consumidor fique atento e tome medidas simples, porém efetivas, para evitar cair nesse tipo de situação. Primeiramente, ele deve buscar sempre fazer as revisões e manutenções em redes especializadas, reconhecidas e tradicionais no mercado. Para isso, ele pode pesquisar sobre o varejo automotivo ao qual pretende levar seu veículo, pedir indicações de especialistas e verificar no site do Ministério Público se a oficina ou loja possui denúncias. Ao levar o carro para a loja, ele deve exigir que o consultor comprove na sua frente, por meio de laudos e equipamentos, a real necessidade de qualquer substituição de peças. Sendo realmente necessária a troca, o consultor deve apresentar a nova peça na caixa original lacrada, com a identificação do fabricante, ou remanufaturada de fonte segura, antes de executar o serviço. Por fim, o consumidor deve receber a garantia da peça e do serviço para o caso de haver algum problema com eles. Somente dessa forma é possível se prevenir contra enganações e riscos desnecessários.
Caso o consumidor se depare com um varejo automotivo não especializado e seja vítima de troca desnecessária, peças remanufaturadas inadequadas vendidas como novas, produtos sem garantia ou algo nessa linha, deve fazer uma denúncia no Ministério Público, que vai investigar o caso para que não torne a acontecer, bem como abrir um processo contra o denunciado.
“Somente com as denúncias e os cuidados do consumidor, além das iniciativas das entidades de classe do setor, como a Abrapneus, conseguiremos eliminar esse tipo de situação e as atitudes inadequadas desses varejos não especializados do mercado, mantendo somente aquelas lojas que realizam trabalhos sérios, responsáveis, capacitados, com garantia e, consequentemente, segurança”, reforça Delamuta.
Ao precisar realizar uma manutenção preventiva ou corretiva, dedique um tempo a pesquisar sobre a loja em que vai levar seu veículo e fique atento a essas dicas na hora do atendimento. São cuidados simples, mas que fazem toda diferença. Não coloque sua família em risco sem necessidade.